Morre pai do Sírius, acelerador de partículas brasileiro
Engenheiro Antonio Ricardo Droher Rodrigues, considerado o pai do acelerador de partículas Sírius, lutava contra um câncer de pulmão
O campo da Ciência perdeu um de seus mais ilustres membros na última sexta-feira (3). Antonio Ricardo Droher Rodrigues faleceu aos 68 anos. Considerado o “pai do elétron”, Antonio foi responsável pelo primeiro acelerador de dois síncrotons do hemisfério Sul, conhecido como UVX, e por seu sucessor, chamado Sírius – que se encontra em fase final de comissionamento.
Ambos os projetos foram realizados dentro do Laboratório Nacional de Luz Síncroton (LNLS), localizado no Centro de Pesquisa em energia e Materiais (CNPEM), em Campinas.
O engenheiro civil, formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e doutor em Física formado pelo King’s College, em Londres, lutava contra um câncer de pulmão. Em novembro de 2019, Ricardo não presenciou a primeira volta de elétrons de Sírius, e também não presenciou quando cientistas conseguiram armazenar elétrons no interior do acelerador em dezembro.
Um tempo depois, a equipe conseguiu gerar uma corrente que foi suficiente para fazer com que a luz síncroton chegasse em uma das futuras estações experimentais do Sírius. Antonio José Roque da Silva, diretor-geral do CNPEM, comentou o momento: “Fizemos por ele. E ele ficou muito feliz”.
O diretor do conselho do CNPEM, Rogério Cezar Cerqueira, lembrou da contribuição do engenheiro para a ciência: “Ricardo foi um engenheiro genial, responsável pela parte principal no projeto do primeiro Síncrotron UVX. Foi também quem projetou o Sírius e dirigiu as operações que levaram ao seu sucesso como grande obra instrumental para a ciência, inteiramente projetado e, em grande parte [80%], construído no Brasil”.
Recentemente, o acelerador de partículas Sírius produziu as primeiras imagens de microtomografia de raio-X. Isso abriu diversas possibilidades para que os ajustes necessários da luz de síncroton fossem realizados. Com este avanço, diversos experimentos científicos de alto nível serão possíveis.
Via: Agência FAPESP