Ataque hacker com fotos de suruba interrompe palestra on-line da UnB
Um ataque hacker com ofensas misóginas e vídeos pornográficos interrompeu uma palestra on-line na Universidade de Brasília (UnB). Ao iniciar a apresentação “Road Movies em uma perspectiva de gênero”, cerca de 30 pessoas entraram ao mesmo tempo e teriam começado a falar frases desconexas pelo microfone, que não permitia ser desligado pelos hackers. Eles também teriam escrito ofensas pelo chat e reproduzido imagens pornográficas na plataforma. ação foi vista como violenta e agressiva pela professora Rose May Carneiro, que organizou a palestra. Ela registrou ocorrência on-line contra os suspeitos. A palestra que estava marcada para 28 de junho, Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, foi prontamente encerrada.
De acordo com o boletim de ocorrência, a palestra foi anunciada pelas redes sociais, com a divulgação do link para quem tivesse interesse em assistir e contribuir. A denúncia apontou que a maioria dos invasores entrara com nomes de mulheres e proferiram frases como “sou lésbica, mas tenho dois filhos”, “tenho muito orgulho de ser Trans” e “essa moça é gorda porque engoliu a Rose”.
A professora diz que a invasão hacker tinha o objetivo de calar a palestra. “Eu pesquiso essa questão dos filmes de estrada, das mulheres que são protagonistas dos filmes de estrada, e falo muito sobre a questão da liberdade, da mobilidade, da gente poder transitar em todos os espaços, porque isso é uma questão política também, não é só de linguagem do cinema, é uma questão de vivência, de civilidade, de cidadania”, declarou a professora.
essas pessoas de algum modo tentaram nos calar, mas a ciência, pesquisa e a educação têm muito mais força do que ataque desses ratos, digo, hackers”.
“Iniciativas de promoção da igualdade de gênero são sistematicamente atacados por grupos que utilizam as redes sociais para calar vozes dissidentes, desestruturar debates construtivos e boicotar avanços em prol da justiça social e igualdade de gênero”, destacou a publicação.
O grupo reforçou a importância de um ambiente seguro on-line em que esses ataques não aconteçam. “Não nos calaremos. Continuaremos a lutar por um mundo onde todas as vozes possam ser ouvidas, respeitadas e valorizadas, independentemente de gênero, orientação sexual, cor ou corpo”. nota, a Universidade de Brasília (UnB) informou que tomou conhecimento do caso pela imprensa e entrou em contato com a docente para prestar apoio e orientá-la a tomar as medidas institucionais cabíveis para a apuração dos fatos.
“A UnB sempre apoiará grupos de pesquisa da instituição, tais como o GECOMS, para que possam se posicionar livremente sobre qualquer tema de pesquisa. Somos uma instituição educadora, que realiza pesquisa de excelência e defende a liberdade de cátedra”.
De acordo com a instituição, é recomendável o uso das plataformas digitais oficiais para a realização das atividades acadêmicas, uma vez que elas oferecem ferramentas para o controle dos participantes das salas virtuais.
“A UnB repudia qualquer forma de violência, agressão ou comportamento inadequado, reiterando seu compromisso com os direitos humanos, pautado pelo respeito mútuo e pela ética”, concluiu.